sábado, 8 de dezembro de 2007

A SOLIDÃO E O PÁSSARO

A SOLIDÃO E O PÁSSARO


Sozinho.
Todos os que vieram já estavam longe. Nem as ligeiras sombras de presença existiam mais.
O estômago vazio e a gripe teimosa, o que sobrou enchendo o corpo e esvaziando a alma. A casa calada, irônica.O rádio azul falando e cantando sem que seus ouvidos escutassem. Deu-se conta: a solidão se plantara e ele se transformara em morcego desesperado procurando saída.
Fechou-se a porta do quarto.Ruído suave do ar condicionado,único silêncio audível.
Abriu o livro na página marcada,denunciando suspensão de leitura. A luz fraca e a própria vontade menor faziam as letras distantes. O pensamento escapulia, ia e voltava. Pessoas e mundos, tempos e estações passavam. Cumprimentavam-se, ignorando-. E resolveu deixar que a solidão deitasse ao seu lado. Ofereceu-se, sem forças.
A solidão é fria, seu corpo é macio. O abraço veio sólido e silencioso. Como uma angústia que começa devagarinho e se torna súbita, em gigantesca montanha de neve e fogo. " Assim começam os pesadelos", admitiu. Deixou-se tomar pelo envolvimento. " A necessidade de não estar sozinho faz isso",pensou. Nem percebeu que voava. Como um pássaro ferido, de asas pesadas.
Pairava e bailava sobre a enorme cidade. E avistou a janela aberta. Estranha janela tão conhecida como um poema perdido entre papéis em completo esquecimento. " Ali estará o meu amor", disse com certeza. O peso das asas faziam-lhe o voo curto. Esforço supremo, aproximação. Lá dentro estaria amor? Haveria abraço, um sorriso, uns olhos buliçosos e um beijo real?
A janela aberta. E uma porta certamente fechada.
Tentou arremeter voo rápido. Onde forças e coragem?
"Nenhum amor me espera,nenhum". E deixou que o peso da alma aumentasse sobre as asas.
E se foi deixando cair, despencar: ave baleada certeiramente.
O livro caiu sobre o peito.
Levantou-se e apagou a luz. Com cuidado, deitou-se e num sussurro que explodiu como um grito, segredou:

- Boa noite, solidão. Abrace-me, indesejável amante.
E durante noites e noites nunca mais dormiu.

*Rubens Lemos
São Paulo - 1983

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Divulgação

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